Calendula (Calendula officinalis L)

 

Propriedades Medicinais da Planta Calêndula (Calendula officinalis L.)

Resumo

A calêndula (Calendula officinalis L.) é uma planta amplamente conhecida por suas propriedades medicinais, sendo utilizada na medicina tradicional e moderna para o tratamento de diversas condições. Seus compostos bioativos, como flavonoides, triterpenoides e carotenoides, conferem à calêndula atividades anti-inflamatória, cicatrizante, antimicrobiana, antioxidante e imunomoduladora. Este artigo revisa as propriedades medicinais da calêndula, destacando seus principais compostos, mecanismos de ação e potenciais aplicações terapêuticas.

Palavras-chave: Calendula officinalis, calêndula, propriedades medicinais, fitoterapia, cicatrização, anti-inflamatório.

1. Introdução

A calêndula (Calendula officinalis L.) é uma planta herbácea pertencente à família Asteraceae, amplamente cultivada em jardins e reconhecida por suas flores vistosas e propriedades terapêuticas. Originária do sul da Europa, a calêndula é utilizada há séculos na medicina tradicional para tratar feridas, inflamações, infecções e diversas outras condições. Recentemente, a ciência moderna tem explorado e confirmado muitos dos usos tradicionais da calêndula, o que tem aumentado seu valor na fitoterapia.

2. Composição Química

A eficácia terapêutica da calêndula é atribuída à sua rica composição química, que inclui:

  • Flavonoides: Como quercetina, isorhamnetina e kaempferol, conhecidos por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
  • Triterpenoides: Incluindo faradiol, ácido ursólico e calenduladiol, que apresentam forte atividade anti-inflamatória e cicatrizante.
  • Carotenoides: Como o beta-caroteno e a luteína, que conferem ação antioxidante e protetora contra danos celulares.
  • Óleos essenciais: Constituídos por monoterpenos e sesquiterpenos, que possuem propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias.
  • Polissacarídeos: Que têm ação imunomoduladora e ajudam na cicatrização de feridas.

3. Propriedades Medicinais e Aplicações Terapêuticas

3.1. Propriedades Anti-inflamatórias

A calêndula é amplamente reconhecida por suas propriedades anti-inflamatórias. Os triterpenoides presentes na planta, como o faradiol e o ácido ursólico, inibem a produção de mediadores inflamatórios, como prostaglandinas e citocinas, além de reduzir a atividade de enzimas pró-inflamatórias. Esses mecanismos tornam a calêndula eficaz no tratamento de inflamações da pele, como dermatites, e em processos inflamatórios internos, como gastrites.

3.2. Cicatrização de Feridas

Uma das aplicações mais consagradas da calêndula é no tratamento de feridas e queimaduras. Estudos demonstram que os extratos da planta aceleram a cicatrização, promovendo a formação de tecido novo e aumentando a síntese de colágeno. Além disso, a calêndula ajuda a reduzir a inflamação e o risco de infecções nas feridas, tornando-se uma escolha popular em pomadas e cremes cicatrizantes.

3.3. Propriedades Antimicrobianas

A calêndula exibe atividade antimicrobiana significativa contra uma variedade de patógenos, incluindo bactérias gram-positivas e gram-negativas, fungos e vírus. Os óleos essenciais e flavonoides presentes na planta são os principais responsáveis por essa ação, o que a torna útil na prevenção e tratamento de infecções cutâneas e orais. A eficácia da calêndula contra fungos como Candida albicans também sugere seu uso em infecções fúngicas.

3.4. Ação Antioxidante

Os compostos antioxidantes da calêndula, como os flavonoides e carotenoides, desempenham um papel crucial na proteção das células contra os danos causados pelos radicais livres. Esta propriedade antioxidante é importante na prevenção do envelhecimento precoce da pele, na proteção contra danos induzidos pela radiação ultravioleta (UV), e na redução do risco de doenças crônicas, como o câncer e doenças cardiovasculares.

3.5. Propriedades Imunomoduladoras

Os polissacarídeos presentes na calêndula têm demonstrado atividade imunomoduladora, estimulando a resposta imunológica e aumentando a resistência do organismo a infecções. Esta propriedade faz da calêndula uma opção potencial no suporte ao sistema imunológico, especialmente em condições de imunossupressão ou durante a recuperação de infecções.

4. Uso Tradicional e Aplicações Clínicas

Na medicina tradicional, a calêndula é utilizada de diversas formas, incluindo infusões, cataplasmas, pomadas e óleos, para tratar uma ampla gama de condições, desde inflamações e infecções cutâneas até problemas gastrointestinais e menstruação irregular. No contexto clínico moderno, a calêndula é frequentemente encontrada em produtos dermatológicos, como cremes cicatrizantes, e em preparações orais para a prevenção de mucosites em pacientes com câncer.

5. Considerações sobre o Consumo e Segurança

A calêndula é geralmente considerada segura para uso tópico e interno, embora reações alérgicas sejam possíveis em pessoas sensíveis a plantas da família Asteraceae. O uso durante a gravidez e a lactação deve ser feito com cautela, e sob orientação médica. A calêndula pode interagir com medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores, o que justifica a necessidade de acompanhamento profissional em casos de uso prolongado ou em combinação com outros tratamentos.

6. Conclusão

A calêndula (Calendula officinalis L.) é uma planta com um perfil terapêutico diversificado, exibindo propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes, antimicrobianas, antioxidantes e imunomoduladoras. Sua eficácia em diversas aplicações médicas, aliada a um perfil de segurança favorável, torna a calêndula uma importante ferramenta na fitoterapia moderna. No entanto, mais estudos clínicos são necessários para explorar completamente seu potencial terapêutico e garantir sua segurança em longo prazo.

Referências

  1. Preethi, K. C., Kuttan, G., & Kuttan, R. (2009). Anti-inflammatory activity of flower extract of Calendula officinalis Linn. and its possible mechanism of action. Indian Journal of Experimental Biology, 47(2), 113-120.
  2. Della Loggia, R., Tubaro, A., Sosa, S., Becker, H., Saar, S., & Isaac, O. (1994). The role of triterpenoids in the topical anti-inflammatory activity of Calendula officinalis flowers. Planta Medica, 60(6), 516-520.
  3. Givol, O., Segal, R., Halachmi, S., Friger, M., & Maly, A. (2011). Topical treatment with Calendula officinalis L. successfully delays the onset of radiation dermatitis. Journal of Clinical Oncology, 29(15_suppl), e16551-e16551.
  4. Hennig, A., Rechter, F., & Springer, J. (2011). Calendula officinalis in supporting care for skin-related issues. Journal of Ethnopharmacology, 135(2), 275-280.

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